sexta-feira, março 18, 2011
Rapta-me!!!
Podes-me invadir ou chegar com delicadeza,
mas não tão devagar que me faças dormir.
Não grites comigo,tenho péssimo hábito de revidar.
Acordo de manhã com bom humor mas...
permite que eu vá primeiro os dentes escovar.
Toca muito em mim,principalmente nos cabelos
e mente sobre a minha estonteante beleza.
Tenho vida própria,mas faz-me sentir saudades,
conta coisas que me façam rir,
mas não contes piadas,
e nem sejas preconceituoso,
não percas tempo!
Viaja antes de me conheceres,
sofre antes de mim para depois
seres o meu porto de abrigo.
Eu saio em conta,não gastarás muito comigo.
Acredita nas verdades que te digo
e tambem nas mentiras,
elas serão raras e sempre por uma boa causa.
Respeita o meu choro,deixa-me chorar sozinha,
e volta só quando te chamar.
Não me obedeças sempre
que eu tambem gosto de ser contrariada.
(Então fica comigo quando eu chorar,pode ser?)
Quero que sejas mais forte do que eu.
Não te vista tão bem...
gosto de te ver com a camisa de fora,
gosto dos braços fortes,
gosto de pernas e muito do percoço.
Reverenciarei tudo em ti que estiver a meu gosto.
Lê,mas escolhe os teus proprios livros.
Quero que sejas um pouco caseiro
e um pouco da vida.
Não sejas escravo do trabalho e nem da televisão.
Nem escravo meu,nem meu filho nem meu pai.
Escolhe um papel só teu que ainda não
tenha sido preenchido.
Inventa muitas vezes,
e enlouquece-me uma vez por semana
(ou mais)
faz-me louca,
mas uma louca que ache graça a tudo e feliz.
Quero que gostes de sexo e muito de musica.
Quero-te ver nervoso,inquieto!
Mas não me contes os teus segredos,
mas faz-me uma massagem nas costas
e beija-me atraz das orelhas,
e faz-me arrepiar.
Não fumes,bebe
chora e ri.
Rapta-me!!!
Se nada disto funcionar...
experimenta amar-me!!!
Anja
sexta-feira, março 11, 2011
sexta-feira, março 04, 2011
MÁGOA
É uma palavra bonita, mágoa. Sabe a lágrimas silenciosas, a noites de insónia, a manhãs de Domingo solitárias e sem sentido. Está para lá da tristeza, da saudade, do desejo de lutar pelo que já se perdeu, da raiva de não ter o que mais se queria, da pena de ter deixado fugir um grande amor, por ser demasiado grande. Primeiro grita-se, barafusta-se, soluça-se em catadupas. Depois, é o pós-guerra, a rendição, a entrega das armas e as sentenças de um tribunal marcial interior, em que os juízes são a vida, e o réu, o que fizermos dela. Limpam-se os destroços. Enterram-se os mortos, tratam-se dos feridos, que são as nossas feridas, feitas de saudades, de desencontros, palavras infelizes e frases insensatas, medos, frustrações e tudo o que não dissemos. A mágoa chega então, quando o cansaço já não nos deixa sentir mais nada. É silenciosa e matreira, instala-se sem darmos por ela, aloja-se no coração. Mas o mundo nunca pára. Nada pára. A vida foge, os dias atropelam-se, é preciso continuar a vivê-los, mesmo com dor. Pelo menos a mágoa magoa, mas faz-nos sentir vivos.
As Crónicas da Margarida, Margarida Rebelo Pinto
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