quinta-feira, março 26, 2009

EXECUTIVA BEM SUCEDIDA

HOJE ALGO PARA FAZER SORRIR...
ANEDOTA:
Foi tudo muito rápido.
A executiva bem-sucedida sentiu uma pontada no peito, vacilou, cambaleou.
Deu um gemido e apagou. Quando voltou a abrir os olhos,
viu-se diante de um imenso Portal.
Ainda meio zonza, atravessou-o e viu uma miríade de pessoas.
Todas vestindo cândidos camisolões e caminhando despreocupadas.
Sem entender bem o que estava acontecendo,
a executiva bem-sucedida abordou um dos passantes:
- Enfermeiro, eu preciso voltar urgente para o meu escritório,
porque tenho um meeting importantíssimo.
Aliás, acho que fui trazida para cá por engano, porque meu convénio médico é classe A,
e isto aqui está me parecendo mais um pronto-socorro.
Onde é que nós estamos?
- No céu.
- No céu?...
- É.
- Tipo assim... o céu, CÉU...! Aquele com querubins voando e coisas do género?
- Certamente. Aqui todos vivemos em estado de gozo permanente.
Apesar das óbvias evidências (nenhuma poluição, todo mundo sorrindo,
ninguém usando telefone celular),
a executiva bem-sucedida custou um pouco a admitir
que havia mesmo apitado na curva.
Tentou então o plano B:
convencer o interlocutor, por meio das infalíveis técnicas avançadas de negociação,
de que aquela situação era inaceitável.
Porque, ponderou, dali a uma semana ela iria receber o bónus anual,
além de estar fortemente cotada para assumir a posição
de presidente do conselho de administração da empresa.
E foi aí que o interlocutor sugeriu:
- Talvez seja melhor você conversar com Pedro, o síndico.
- É? E como é que eu marco uma audiência? Ele tem secretária?
- Não, não. Basta estalar os dedos e ele aparece.
- Assim? (...)
- Pois não?
A executiva bem-sucedida quase desaba da nuvem.
À sua frente, imponente, segurando uma chave
que mais parecia um martelo, estava o próprio Pedro.
Mas, a executiva havia feito um curso intensivo de approach
para situações inesperadas e reagiu rapidinho:
- Bom dia. Muito prazer. Belas sandálias. Eu sou uma executiva bem-sucedida e...
- Executiva... Que palavra estranha. De que século você veio?
- Do 21. O distinto vai dizer-me que não conhece o termo 'executiva'?
- Já ouvi falar. Mas não é do meu tempo.
Foi então que a executiva bem-sucedida teve um insight.
A máxima autoridade ali no Paraíso aparentava ser um zero à esquerda
em modernas técnicas de gestão empresarial.
Logo, com seu brilhante currículo tecnocrático,
a executiva poderia rapidamente assumir uma posição hierárquica,
por assim dizer, celestial ali na organização.
- Sabe, meu caro Pedro. Se você me permite, eu gostaria de lhe fazer uma proposta.
Basta olhar para esse povo todo aí, só batendo papo e andando à toa,
para perceber que aqui no Paraíso há enormes
oportunidades para dar um upgrade na produtividade sistémica.
- É mesmo?
- Pode acreditar, porque tenho PHD em reengenharia. Por exemplo, não vejo ninguém usando crachá. Como é que a gente sabe quem é quem aqui, e quem faz o quê?
- Ah, não sabemos.
- Entendeu o meu ponto? Sem controlo, há dispersão. E dispersão gera desmotivação.
Com o tempo isto aqui vai acabar virando uma anarquia.
Mas nós dois podemos consertar tudo isso rapidinho implementando
um simples programa de targets individuais e avaliação de performance.
- Que interessante...
- É claro que, antes de tudo, precisaríamos de uma hierarquização
e um organograma funcional, nada que dinâmicas de grupo
e avaliações de perfis psicológicos não consigam resolver.
- !!!...???...!!!...???. ..!!!
- Aí, contrataríamos uma consultoria especializada para nos ajudar a definir as estratégias operacionais e estabeleceríamos algumas metas factíveis de leverage, maximizando,
dessa forma, o retorno do investimento do Grande Accionista...
Ele existe, certo?
- Sobre todas as coisas.
- Óptimo.
O passo seguinte seria partir para um downsizing progressivo, encontrar sinergias high-tech, redigir manuais de procedimento, definir o marketing mix e investir no desenvolvimento de produtos alternativos de alto valor agregado. O mercado telestérico, por exemplo, me parece extremamente atractivo.
- Incrível!
- É óbvio que, para conseguir tudo isso, nós dois teremos que nomear um board de altíssimo nível. Com um pacote de remuneração atraente, é claro. Coisa assim de salário de seis dígitos e todos os fringe benefits e mordomias de praxe. Porque, agora falando de colega para colega, tenho a certeza de que você vai concordar comigo, Pedro. O desafio que temos pela frente vai resultar em um turnaround radical.
- Impressionante!
- Isso significa que podemos partir para a implementação?
- Não. Significa que você terá um futuro brilhante... se for trabalhar com o nosso concorrente. Porque você acaba de descrever, exactamente, como funciona o Inferno...

ANJA

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